Rodrigo Geribello
3 min readMar 17, 2020

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Vai mudar?

Hoje foi eleito o trigésimo oitavo presidente do Brasil.

Está longe de ser alguém que admiro e acredito. Eu nem votei nele.

Mas está feito.

Vai mudar alguma coisa?

Claro que vai.

As coisas mudam o tempo todo.

Acontece que agora a gente entrou num furacão coletivo de imaginação.

É um monte de Mãe Dinah falando o que vai acontecer.

Tem gente em pânico, gente triste, gente achando bom.

To lendo Harari e ele diz assim:

Se perplexo é falta de entendimento eu to bem assim mesmo.

É difícil entender os pólos.

De um lado uma intolerância cega, do outro uma cegueira intolerante.

Não tinha uma opção boa, mas a gente acabou ficando com a pior. Pelo menos daqui de onde eu estou vendo.

A teoria integral parte do princípio de que estamos todos certos, parcialmente.

Toda realidade existe. Você não precisa concordar com ela, mas ela existe.

Eu também imagino coisas, sinto coisas.

Imagino que umas coisas vão melhorar e outras vão piorar bastante.

Sinto uma tristeza e uma alegria tudo juntas e misturadas.

Vou ser pai. Não tem alegria maior que essa.

Ao mesmo tempo me preocupa o mundo em que minha filha vai chegar.

Um mundo de intolerância e desigualdade?

Um mundo de máquinas que aprendem a sentir.

Um mundo de pobreza cultural?

Um mundo com talentos artísticos pulsantes.

Um mundo de tristeza e raiva?

Um mundo de riquezas naturais.

Não tem como a gente saber o que vai acontecer.

Entre o pânico e a euforia, eu fico com a perplexidade.

Por mais que você conheça a história, leia livros, projete o futuro, não consegue prever o que vai acontecer de fato.

Imaginar é maravilhoso.

Sentir melhor ainda.

Agora pare de imaginar e sentir por um momento e pense no que você realmente pode fazer.

Eu vou continuar fazendo o que eu estou fazendo.

Talvez mude um pouco o foco, talvez as regras mudem, talvez minha filha cresça em outro país.

Vou continuar acreditando que o mundo pode ser melhor, que a arte salva, que frequência sonora é uma ponte para a inovação.

Vou continuar tocando piano, ajudando e aprendendo com pessoas que querem se expressar, conduzir suas ideias, olhar pra si.

Vou continuar a amar minha família, conhecer novos lugares, tomar banho de cachoeira.

Vou continuar a lutar pelo que acredito, mesmo que isso signifique entrar em assuntos não tão agradáveis.

Desde o século passado, quando eu comecei a trabalhar nas áreas das artes e da comunicação, a gente já começava roteiro com “o mundo mudou” ou então “o mundo está mudando cada vez mais rápido”.

Ora. Claro. Tudo muda o tempo todo.

A gente muda. O contexto muda. A energia muda.

O que existe é coisa que se repete.

Eu to numa peça de teatro que foi escrita em 1970 e parece que o autor psicografou a Lava Jato.

As coisas se repetem.

Meu pai sabe muito sobre o Egito Antigo. Pede pra ele contar a história da primeira CPI documentada nos papiros do Ramsés VI.

O tempo só anda pra frente, mas as coisas se repetem.

O que muda são os contextos, as pessoas, a energia.

Estou perplexo, bem ansioso, um pouco triste.

Agora quero fazer o possível para deixar algo pras próximas gerações, algo que ajude as pessoas se conhecerem melhor, se entenderem mais a fundo, se expressarem da essência.

Respire.

Beba água pura.

Não espalhe o pânico.

E agora vamos em frente que atrás vem gente.

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Rodrigo Geribello

Músico, sonoplasta, explicador profissional e catalisador de inovação.